DIFERENTE DA SUSPENSÃO DAS AULAS PRESENCIAIS, RETORNO ÀS ESCOLAS DEVE SER PLANEJADO COM ANTECEDÊNCIA PELAS REDES EDUCACIONAIS

“Faz-se necessário o planejamento estruturado para o possível retorno às aulas presenciais. Não tivemos a oportunidade de planejar a suspensão das aulas, que foi muito intensa e rápida, todavia, o retorno, sendo tão delicado e repleto de cautela, necessita de uma preparação aperfeiçoada”, foi com essa fala que a representante dos Dirigentes Municipais de Educação paulistas, Márcia Bernardes, iniciou sua participação no Congresso Internacional “Um novo tempo na Educação”, promovido pelo Instituto Casagrande, que aconteceu durante a manhã e tarde desta quarta-feira, 15.

No painel “Como voltar às aulas nas escolas? O que devemos e podemos fazer?”, a presidente da Undime São Paulo e Dirigente Municipal de Educação de Atibaia-SP destacou que, independente da data de retorno das atividades presenciais nas escolas, os gestores municipais podem e devem pensar em estratégias para um possível retorno das ações educativas presenciais das crianças e adolescentes das redes públicas de ensino de todo o estado.

Para a Undime São Paulo, os municípios precisam, desde já, criar um comitê de contingenciamento para o combate do coronavírus com a participação intersetorial entre as pastas da educação, saúde, vigilância epidemiológica, assistência social, conselheiros municipais de educação, entre outros órgãos congêneres, para monitorar, propor e aprimorar medidas preventivas específicas com a realidade local, ou regional, para o possível retorno das aulas presenciais, previsto para acontecer gradualmente a partir do início de setembro, de acordo com o Plano de Retomada do Governo do Estado de São Paulo.

Segundo Bernardes, assim com o Conselho Nacional de Educação (CNE) está norteando o trabalho das redes em todo o Brasil, trazendo orientações e diretrizes para apoiar a tomada de decisões, as prefeituras municipais têm que dialogar com os conselhos municipais, uma vez que há a representação dos pais, professores, da comunidade escolar e da sociedade civil em geral. “A comunicação com o CME é muito importante para a validação do trabalho das Secretarias Municipais de Educação”, disse.

“Quando falamos de retorno, não estamos dizendo que as aulas presenciais deverão retornar de imediato. Todavia, é preciso planejar e pensar em várias situações, como os protocolos sanitários, acolhimento e fortalecimento dos vínculos socioafetivos dos alunos e profissionais, protocolos pedagógicos e de comunicação clara com a família acerca dos critérios adotados no retorno gradual em relação às questões sanitárias”, completou Márcia.

Como sugestão, a Dirigente de Educação de Atibaia aconselha que cada município tenha protocolos próprios, uma vez que a realidade de cada rede é única. “Hoje, as redes educacionais podem elaborar o documento com base no que outros países estão fazendo, de acordo com os subsídios para a elaboração de protocolos de retornos às aulas na perspectiva das redes municipais de educação, lançado e divulgado pela Undime, e pelo Parecer N°11/2020, do Conselho Nacional de Educação (CNE), publicado na semana passada”.

Ainda no painel, a presidente da seccional paulista da Undime explanou sobre a necessidade da reordenação e organização do ano letivo de 2020 ser focada nos Direitos de Aprendizagem e na Base Nacional Comum Curricular (BNCC). “Não será um trabalho fácil. Teremos que nos engajar ainda mais nesse processo educacional”.

EDUCAÇÃO INFANTIL

Ainda de acordo com Bernardes, são inúmeras as questões que trazem preocupação quando o assunto está relacionado com o retorno das atividades na Educação Infantil. “Devemos olhar com muito cuidado. É muito preocupante as crianças pequenas estarem em contato com o vírus, uma vez que as mesmas são mais vulneráveis e têm dificuldades de cumprirem as medidas sanitárias por conta da faixa-etária”.

“Também é sabido que é difícil falar em distanciamento entre os pequenos; de uso de máscara, posto que não é recomendado para menores de 2 anos de idade, e, também, é importante destacar que nas unidades escolares de EI há um número maior de adultos circulando entre as crianças pequenas”, finalizou a presidente da Undime São Paulo.