Com o tema “Percursos e Travessias para uma Educação Integral e Equitativa: caminhos para uma prática humanizadora e humanizada”, o evento reuniu Secretários Municipais de Educação e suas equipes técnicas

Na última semana a União dos Dirigentes Municipais de Educação de São Paulo realizou o Seminário de Educação Especial no Campos Hall, em Campos do Jordão – SP, tendo como temática “Percursos e Travessias para uma Educação Integral e Equitativa: caminhos para uma prática humanizadora e humanizada”. O evento foi realizado para Secretários Municipais de Educação do estado de São Paulo e suas equipes técnicas, proporcionando um espaço de reflexão, diálogo e construção coletiva em torno da Educação Especial na perspectiva inclusiva.
Centralidade na Educação Integral, compromisso ético e formativo
O Seminário buscou a ampliação da compreensão sobre os fundamentos teóricos, legais e pedagógicos que sustentam o direito à educação de qualidade para todos, destacando o papel da escola pública como espaço de pertencimento, equidade e justiça social. Além disso, trouxe valorização às práticas humanizadoras que reconheçam a singularidade dos sujeitos, favoreçam a participação plena de todos e reafirmem a inclusão como um compromisso ético, político e pedagógico, entendendo a Educação Integral como direito e dever social.
Através de um compromisso ético e formativo, considerando os princípios da igualdade e equidade, o evento buscou reafirmar a educação antirracista, inclusiva, plural e democrática, e destacar a importância da formação contínua e da reflexão pedagógica para práticas mais conscientes, críticas e transformadoras.
Abertura oficial e palestra sobre Educação Inclusiva
Na abertura oficial, realizada no dia 4 de novembro, houve a apresentação do “Projeto de Música na Escola”, fundado em 2018 nas escolas Laurinda da Matta e Irene Lopes Sodré. Em janeiro de 2025 o projeto iniciou uma nova fase, representando o município de Campos do Jordão (SP), como Banda Municipal Irene Lopes Sodré. O grupo conta com a parceria da Fundação Lia Maria Aguiar e da Prefeitura Municipal de Campos do Jordão, sendo composto por 35 alunos do Ensino Fundamental I e II, com idades entre 7 e 18 anos.
O momento também contou com uma mesa de abertura, com a presença de Luiz Miguel Martins Garcia (Presidente da Undime e DME de Sud Mennucci), Denize Jacob de Souza (Vice-presidente da Undime SP e DME de Brejo Alegre), Heidy Gonzalez Teixeira da Costa (DME de Campos do Jordão) e Fábio Machado Izar (Secretário Municipal de Desenvolvimento Econômico e Turismo).
O primeiro dia foi finalizado com a palestra magna “Educação Inclusiva: perspectiva de direitos, dignidade e justiça social”, ministrada por Mariana Rosa, conselheira do Conselho Nacional de Educação, e mediada por Daniela Matias Zanoni, Dirigente Municipal de Educação de Nazaré Paulista e membro da diretoria da UNDIME SP.
Alguns dos temas abordados foram o percurso histórico da educação inclusiva no Brasil, a educação inclusiva como projeto de sociedade, políticas públicas intersetoriais, formação continuada de professores e gestores, e ambientes escolares acessíveis e acolhedores. A palestra trouxe uma reflexão profunda sobre a educação inclusiva como um direito humano e um compromisso coletivo, com destaque para os avanços e desafios do Brasil nessa trajetória — como as barreiras ainda existentes e a importância da formação docente — reforçando que inclusão é responsabilidade de toda a sociedade.
Reflexões sobre inclusão, intersetorialidade e equidade
O segundo dia de evento iniciou com uma apresentação cultural do Projeto Arte nas Escolas, uma inspiradora iniciativa da Secretaria Municipal de Educação de Campos do Jordão. Implantado em 2022, o projeto integra arte e movimento ao cotidiano escolar, promovendo o desenvolvimento integral dos estudantes por meio da dança, da expressão corporal e da valorização da diversidade.
Logo após houve a realização da mesa temática “Do direito à prática: intersetorialidade, AEE e inclusão de estudantes público-alvo da Educação Especial”, contando com a participação de Guilherme Almeida, presidente da Autistas Brasil, e Wania Boer, especialista em Transtornos Globais de Desenvolvimento. A mediação foi feita por Danilo Medici, Dirigente Municipal de Educação de Campos Novos Paulista e membro da diretoria da UNDIME SP.
Alguns dos temas abordados foram os fundamentos legais e pedagógicos que sustentam a inclusão dos estudantes PAEE e PEI, enfatizando o papel do Parecer CNE/CP nº 50/2023, a intersetorialidade como eixo integrador das políticas públicas voltadas à inclusão, o papel do AEE como espaço de mediação pedagógica e não de segregação, articulado ao projeto político-pedagógico da escola, estratégias e práticas que garantam o acesso, a permanência, a participação e a aprendizagem dos estudantes, políticas locais de Educação Especial na perspectiva da Educação Inclusiva, e formação docente.
A palestra debateu como transformar o direito à educação inclusiva em prática concreta, abordando políticas públicas, formação docente, intersetorialidade e o papel do Atendimento Educacional Especializado (AEE). Foi destacada a importância de escolas acolhedoras e sensíveis às singularidades de cada estudante, da integração entre educação, saúde, assistência social e cultura, e da formação continuada dos professores para garantir inclusão efetiva e participação plena.
Em seguida foi realizada a mesa temática “Parceria família X Escola: corresponsabilização necessária para Educação Inclusiva”, contando com a presença de Roberta Caminha, doutora em Psicologia, e Roberta Panico, Diretora Executiva da Roda Educativa, tendo como mediador Danilo Medici, Dirigente Municipal de Educação de Campos Novos Paulista e membro da diretoria da UNDIME SP.
Os temas abordados foram a corresponsabilidade entre família e escola na efetivação da Educação Inclusiva, Educação Especial e Inclusiva e seu público-alvo, práticas compartilhadas e estratégias de parceria efetiva, cultura de corresponsabilização e Fundação Social da Escola. A palestra destacou a importância da corresponsabilidade e do diálogo constante para garantir o desenvolvimento pleno de cada criança, ressaltando que a inclusão acontece quando família, escola e comunidade atuam em parceria, com base no afeto, na escuta e na valorização das diferenças.
A programação seguiu com a mesa temática “Políticas e práticas para a garantia do direito a Educação para Todos”, contando com a participação de Luís Henrique Graboski, advogado sócio do Escritório Grabiski Advogados Associados, José Silvio Graboski de Oliveira, advogado do Escritório Grabiski Advogados Associados, e Mariana Albuquerque Zan, advogada do Instituto Alana. A mediação foi feita por Maridalva Bertacini, Coordenadora de Gestão Pedagógica da SEDUC-SP.
Alguns dos temas abordados foram parecer CNE/CP nº 50/2023, Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva, acessibilidade e apoio especializado, planejamento para efetivação de relações pedagógicas humanizadas – PAEE e PEI, visão sistêmica e intersetorial da educação inclusiva, apoio especializado, práticas de monitoramento, acompanhamento e avaliação da inclusão e formação docente. A palestra aprofundou as reflexões sobre os avanços e desafios da Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva no Brasil, destacando a importância de transformar as diretrizes legais em ações concretas nas redes de ensino, fortalecer a formação docente e promover uma educação intersetorial, humana e acessível para todos os estudantes.
Houve também a realização da palestra “Educação Integral equitativa na Educação Infantil: acolher e promover as infâncias”, realizada por Maria do Carmo Kobayashi, professora associada em Ensino de Arte, doutora em Educação, pedagoga e Secretária da Educação de Bauru, e Eliane Moraes de Jesus Mani, Supervisora de Educação Especial e Inclusiva na Educação Infantil de Bauru. A mediação foi realizada por Celso Fernando Iversen, Dirigente Municipal de Educação de Porto Feliz e membro da diretoria da UNDIME SP.
Entre os assuntos abordados estão a Educação Integral, Educação Especial e Inclusiva, equidade, infâncias, acolhimento e práticas humanizadoras e formação docente. A palestra trouxe reflexões potentes sobre o papel da escola como espaço de cuidado, pertencimento e formação em todas as dimensões — cognitiva, emocional, social, estética e ética. Houve o destaque da importância de uma educação antirracista, inclusiva e equitativa, que valorize as singularidades das infâncias e reafirme o compromisso ético e formativo dos educadores.
O evento finalizou com uma palestra de encerramento com o tema “Convivência escolar, educação inclusiva e desenvolvimento humano: desafios e possibilidades”, ministrada por Flávia Vivaldi, Professora Pesquisadora Convidada da Faculdade de Educação da Unicamp, é Doutora em Educação e Mestre em Psicologia Educacional pela mesma instituição. Especialista em relações interpessoais e autonomia moral, possui Magíster pela Universidad Complutense de Madrid e formação em Psicopedagogia pela PUC-Minas e Unincor. Integra grupos de pesquisa como o GEDDEP, GEPEM e GT Moralidade da ANPEPP. Também leciona na pós-graduação do Instituto Vera Cruz, com foco em relações interpessoais, desenvolvimento moral e implantação de Planos de Convivência Escolar.
Alguns dos assuntos abordados foram, Inclusão e Educação inclusiva, Direitos Humanos, comunicação acessível, diversidade, equidade e pertencimento. A palestra convidou educadores, gestores e a sociedade a refletirem sobre quem realmente está incluído na educação para todos, destacando que a inclusão é um direito humano inegociável. Foi ressaltada, também, a importância de rever práticas, atitudes e linguagens, construir uma cultura inclusiva e valorizar a diversidade como potência coletiva.
O Seminário reafirmou o compromisso da Undime SP em promover uma educação pública de qualidade, inclusiva e equitativa, que reconheça e valorize a diversidade humana em todas as suas dimensões. O encontro consolidou-se como um espaço de troca, escuta e fortalecimento das políticas educacionais, inspirando gestores e educadores a seguirem construindo práticas pedagógicas mais acolhedoras, colaborativas e transformadoras, que garantam o direito à aprendizagem e ao desenvolvimento pleno de todos os estudantes.
Fotos: Tiago Borges


























