REDES MUNICIPAIS DE ENSINO DEVEM ESTAR PREPARADAS PARA O RETORNO ÀS AULAS PRESENCIAIS. “INDEPENDENTE DE DATA, É PRECISO PLANEJAR COM RESPONSABILIDADE”, DIZ MÁRCIA BERNARDES

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Na última quinta-feira, 13, a seccional paulista da Undime (União dos Dirigentes Municipais de Educação), instituição que agrega os gestores de educação dos municípios de São Paulo, promoveu uma videoconferência para propor ideias e apresentar boas práticas de como as redes educacionais devem se organizar para a retomada das aulas presenciais. “Não tivemos como planejar a suspensão das aulas, pois foi tudo muito rápido, da noite para o dia. Todavia, agora, como gestores públicos, temos a obrigação e responsabilidade de planejar a retomada, independente de data, pois a Undime não defende uma data específica para esse retorno presencial”, destacou a presidente da instituição, Márcia Bernardes.

O Secretário de Estado da Educação de São Paulo, Rossieli Soares da Silva, que também participou do bate-papo ao vivo, disse que a educação passa por um ‘momento ímpar’. Em sua fala, o gestor enfatizou a necessidade de proteger vidas. “Também protegemos vidas com a educação, mas proteger vidas durante a pandemia é o ponto central. Por isso nenhuma decisão pode ser tomada sem as considerações da área da saúde”, reforçou.

Na última semana, o Governo do Estado de São Paulo anunciou o adiamento da data prevista de retorno das aulas presenciais na rede estadual, que ocorreria no início de setembro, para o dia 07 de outubro. De acordo com o Plano São Paulo, a retomada das atividades presenciais nas escolas da rede estadual deve acontecer em 3 etapas. Na primeira etapa, até 35% de matriculados poderão voltar (todo o estado na fase amarela por 28 dias). Na segunda etapa, até 70% (60% da população do estado por 14 dias na fase verde). Na terceira e última, 100% dos alunos devem estar nas salas de aulas (80% da população do estado por 14 dias na fase verde). “A etapa 3, claro, ocorrerá quando voltarmos ao normal e estivermos em outro patamar, fora da pandemia”, salientou Silva.

O Secretário de Estado enfatizou que as redes municipais, assim como a rede estadual de educação, têm autonomia nas decisões, mas reforçou a necessidade dos municípios e Estado, em regime de cooperação, trabalharem sempre em conjunto. “Cada rede pode fazer a sua definição e estabelecer as melhores estratégias dentro do que for melhor quando acontecer o retorno gradual”, frisou.

Para a Undime, a decisão sobre a retomada, ou não, das aulas presenciais deve ser tomada pelos chefes do poder executivo, ouvidas às autoridades sanitárias, da Saúde, da Educação e da Assistência Social. Somente com evidências científicas e com uma análise detalhada do alcance da covid-19 será possível avaliar as possibilidades, os desafios e os riscos para tal retorno.

O papel da Undime é subsidiar o trabalho dos dirigentes municipais de educação, por isso sempre falamos da importância das cidades criarem comitês locais para o planejamento e construção dos protocolos e orientações para a reabertura das escolas, uma vez que as redes de educação têm suas particularidades e características próprias. Outro aspecto importante é considerar a voz dos familiares e profissionais. Muitas redes estão fazendo consultas públicas para planejar o retorno com base na escuta à comunidade. Os pais e demais profissionais querem colaborar. É preciso ouvi-los e inseri-los no processo de decisão”, comentou Bernardes.

TROCA DE EXPERIÊNCIAS

Para o Dirigente Municipal de Educação de Votuporanga-SP, Marcelo Batista, que é o Secretário de Comunicação da Undime São Paulo, a vida das crianças e colaborados é o que mais importa. “Não podemos ser irresponsáveis, por isso momentos como esse servem para nos organizarmos e projetarmos um retorno seguro. Temos zelo e carinho por tudo o que fazemos enquanto gestores, por isso é preciso planejar antecipadamente com cautela.

Conforme a representante do polo regional de Pereira Barreto, Lucilene Santos, que dirige a rede municipal de educação de Andradina, no extremo noroeste do estado, o diálogo conjunto entre gestores das cidades vizinhas também é muito importante, uma vez que inúmeras cidades não têm equipes estruturadas para subsidiar na elaboração dos protocolos necessários. “No interior, nós, gestores, estamos nos fortalecendo para a construção coletiva de um documento norteador e preciso. Temos que ser certeiros e atuar com exatidão, qualquer erro pode ocasionar perdas de vidas, e isso não queremos para ninguém. Direito à vida antes do direito à educação”, destacou a representante.

De acordo com Lélia Hartmann, vice-presidente da Undime São Paulo e Dirigente Municipal de Educação de Francisco Morato-SP, município da região metropolitana, é preciso trabalhar com a realidade. “Estamos atuando com base nos indicadores da saúde e, a cada semana, nos debruçamos em uma temática para, juntos, estruturarmos um documento norteador para todas as redes educacionais da região. As nossas crianças são o principal objetivo de todo o nosso trabalho. Nosso papel é protegê-las, bem como, também, devemos proteger todos os profissionais, por esta razão é sempre importante compartilharmos experiências para alcançarmos as possíveis respostas e melhores soluções.

“Tudo o que a gestão pública puder fazer, desde que esteja dentro do princípio da legalidade, será primordial para a rede e para salvar vidas”, comentou a Secretária de Coordenação Técnica da Undime São Paulo e Dirigente Municipal de Educação de Jacareí-SP, Maria Thereza Cyrino. Nós, educadores, sempre batemos na tecla da importância do PDCA, que é o planejamento, desenvolvimento, execução e avaliação. Por isso é hora de planejar. Não é porque estamos em um período de pandemia que vamos deixa-lo de lado. Precisamos mostrar nossas habilidades e competências para pensar a volta às aulas com muita sabedoria, sempre preservando vidas e garantindo saúde para todos”.